A veterinária Luciana Figueiredo não sabia nada de negócios quando decidiu empreender, em 2016. Mas ela entendia muito de uma área que ainda soa como um mistério para muitos: o uso das células-tronco na medicina. Do conhecimento acadêmico e da descoberta de um nicho com potencial surgiu a Cellen. A startup carioca desenvolve as células-tronco para uso em animais, proporcionando tratamentos para cães, gatos e cavalos.
O negócio foi fundado junto com Hélio Menezes Neto, biotecnólogo que também atuava nessa área. A bióloga Tatiana Sampaio também entrou como sócia e consultora. Hoje, a startup comercializa as células-tronco para veterinários conforme a necessidade de seus pacientes. O tratamento pode curar desde fraturas até a insuficiência renal.
Mais do que os desafios do negócio, os sócios também têm enfrentado a falta de conhecimento das pessoas e dos profissionais sobre essa área. “As pessoas acham que célula-tronco é uma coisa da Nasa: algo absurdamente caro, complexo e inacessível. Mas a realidade não é essa”, diz Luciana.
Empurrãozinho
Mesmo antes de empreender, a carreira de Luciana como médica veterinária teve um rumo um pouco diferente.
Como pesquisadora, ela acabou atuando em estudos que usavam as células-tronco na cura de humanos. Em 2015, notou que poderia usar o conhecimento para fazer algo diferente.
“Eu vi que os resultados poderiam também beneficiar os animais, mas ainda estavam muito distantes de ser uma realidade na medicina veterinária”, relembra a empreendedora. Sabendo que não conseguiria iniciar um negócio sozinha e sem ter experiência, ela procurou a incubadora da Coppe/UFRJ, no Rio de Janeiro.
Hélio Menezes Neto, diretor técnico da Cellen (Foto: Divulgação)A startup tem como foco o desenvolvimento dos tratamentos; a aplicação cabe aos veterinários (Foto: Divulgação)
A ideia foi selecionada — e foi então que ela aprendeu a proposta de valor de seu negócio. O Sebrae também foi e ainda é um dos apoiadores.
“Eu sempre mostrava gráficos, tabelas e estudos científicos sobre o tema, mas não sabia como vender”, relembra a empreendedora. A experiência também mostrou que ter um produto de qualidade não era suficiente para colocá-lo no mercado. Era preciso, de fato, procurar pelos clientes.
Uma área pouco explorada
Também foi necessário buscar profissionais aptos a oferecer tratamentos como esse. A startup se dedica apenas à pesquisa e ao desenvolvimento das células-tronco em laboratório. O produto final são seringas com milhões de células-tronco que podem ser usadas por veterinários nos diversos tratamentos.
Após encontrar poucos profissionais que realmente conheciam essa área, a startup decidiu oferecer treinamentos para eles. Hoje, conta com uma rede de veterinários parceiros e continua a oferecer informações àqueles que se interessam pela técnica.
Uma seringa com 20 milhões de células-tronco custa em média R$ 1 mil para os veterinários. Um tratamento simples, que não envolva procedimentos cirúrgicos mais complexos, fica em torno de R$ 2 mil para o cliente. “Os donos de animais ligam para a gente o tempo todo para saber sobre o tratamento. Mas ele deve ser indicado por um profissional de acordo com a necessidade do animal”, destaca Luciana.
Ambições
Após três anos com um foco intenso em pesquisas, a startup quer agora investir na propagação de seu negócio. Além de aumentar os próprios resultados e números de vendas, o objetivo também mira informar as pessoas sobre o tema.
“Muita gente acha que esse tipo de tratamento ainda é experimental. Mas, no mundo, 20 mil animais já foram tratados com células-tronco”, afirma a empreendedora.
Deixe um comentário